segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Resposta...


 Queria saber de muita coisa...
Queria saber de onde vem a lágrima santa,
Saber o porquê escorre solta
Salgando a boca insossa
Queria saber da felicidade
Saber onde se esconde
- Por favor, que alguém me conte!
Queria saber sorrir livremente,
Não apenas apertar os lábios displicentes,
Sorrir verdadeiramente
Queria saber de muita coisa...
Entender isso que chamam de amor...
Saber o motivo desta minha dor,
Que há muito me rasga o peito.
Queria saber sobre a saudade
Porque quando fica tarde, ela chega sorrateira
E minha mente invade...
Eu, infeliz covarde, choro escondido, incompreendido...
Queria saber destas histórias incompletas,
De todo que ficou pela metade,
Que fim teria tudo?
Vida de cacos...
Queria entender estas minhas noites insones
Perdidas em divagações desconexas.
Estes nomes e rostos morcegos no quarto,
Obscuras saudades insensíveis...
Queria saber de muita coisa,
Entender estas letras que se juntam
E escrevem o quê sinto quando estou só,
Abandonado em meu mundo fechado...
Cercado de escombros de vidas passadas.
Queria entender a vida...
Que um dia se encerra e um ente se oculta sobre a terra...
E o todo se incompleta.
Queria entender muita coisa...

Antropófagos urbanos




Na urbe, imune criatura
Arrasta-se insegura,
Agarrada a vida
Desalmada e burra
Com seus olhos carentes
E ilusões de felicidades...


                                     Cristiano Mello

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Artificialidade


Frases de liquidificador
Sentimentos enlatados,
 Sorrisos colados,
Abraços pré-aquecidos em microondas...
Descartável vida biodegradável
Nos instantâneos momentos solúveis...



                                                                    Cristiano Mello

batom no espelho


“...da melancolia em sua plenitude
recebo um beijo da dor exata,
Como exato é o tempo
e a certeza de não haver quimera
Que em ato é gesto inerte
Agracia-me com o presente
O único ato presente,
que no agora pratico
É submeter o meu ser a condição biológica
Encho os meus pulmões com ar pútrido e
Expiro gás carbônico em uma ação mecânica...
Eis a minha existência, meramente orgânica...”

eis as palavra de tio Alberto antes dos pulsos sulcados...