Por que tão belos sobrados
Se por assombros marcados
Tais quais são brincalhões os dados
Com seus destinos lançados
Quem brincou e nos atirou dardos
Com volúpia habilmente envenenados
A qual ciranda estamos fadados
De fascismos sutilmente destilados
São, por acaso, os pudores de aço
E não continuam os intestinos perto do baço
As palavras já não falo, vomito com asco
As bruxas de agora, outrora eram palhaços.
Tem verde crescendo no espaço
Vida vazia trancada num quarto
Tem um rei cabisbaixo
Flores coloridas fundidas no aço.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
Como desaparecer completamente.
Como fazer para sumir, de vez, do universo inteiro? Não falo de coisas superficiais como o suicídio que permitem que nossas moléculas de carbono insistentemente se reaglomerem dando conteúdo a outras formas de vida. Como desaparecer completamente?
“Não ensinam pra gente que nada é impossível? Que tudo o que você quer pode se tornar realidade? Quem sabe se você insistir, for atrás do seu sonho de desaparecer completamente, talvez consiga realizá-lo.”
“Comprar uma máquina centrífuga girar, girar até virar energia pura.(deve ter em loja de 1,99)
"LHC"
"LHC"
“Combinações de ácidos dissolveriam por completo as moléculas, reagrupando-as em outros ácidos, talvez dessa forma poderia se dizer que realmente aquela forma de vida ou outra sumiu,desapareceu, escafedeu-se!!!! Esses ácidos estão contidos na fórmula CH23+SNA46 e combinações hidroliticas de alta resistência molecular.”
“Invisibilidade! Atingível somente através de alto nível de concentração e meditação, o problema é voltar a ser visível depois!"
“Não desista das moléculas de carbono... elas podem ser legais também.”
“Ops, não tenho a resposta não!!”
“Tomando pilula de nanicolina”
“Que doideira hein amigo.”
“Já viu alguém desaparecer?”
“Fugindo do que nos comanda, porque se bater de frente com isso... Vai ter que bater de frente com o mundo”
“Não é possível. É comprovado que "nada se ganha e nada se perde. Tudo se transforma!"
“Se você for exposto a uma temperatura que derreteria todas as suas moléculas fazendo você virar pó e depois evaporar ate se tornar nada, acho que é possível.”
“Pise firme, ninguém é melhor que ninguém. Pense nisso, viva a vida como se nada fosse.”
“O máximo que você pode fazer e queimar até evaporar tudo, mas precisa de muita caloria, extrema caloria.”
“Me segue no twitter @EduardoJoo que eu sigo de volta”
“Não existe absolutamente nada que se possa fazer nesse sentido.”
“Seja o primeiro a pisar no Sol!”
“Acho q não vale a pena, pois Deus sempre saberá onde estamos...”
Amiguinho! Seu problema é simples. Quantos passam por situações piores pra querer sumir, evaporar do mundo. Se apaixone, ame muito e curta está música, sem amor não nos sentimos seguros”
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Amigo ... (àqueles que se foram)
a
am
ami
amig
amigo
amigo n
amigo nó
amigo nós
amigo nós t
amigo nós te
amigo nós tem
amigo nós temo
amigo nós temos
m
a
s
um dia se vão,como vento que
bate lento e empurra a pe
quena embarcação...
CRISTIANO MELLO
am
ami
amig
amigo
amigo n
amigo nó
amigo nós
amigo nós t
amigo nós te
amigo nós tem
amigo nós temo
amigo nós temos
m
a
s
um dia se vão,como vento que
bate lento e empurra a pe
quena embarcação...
CRISTIANO MELLO
A rua
É tarde e as poucas lojas ajeitadas em seus prédios antigos, já estão fechadas, a cidade começa a morrer e tudo vira sombra e silêncio quando anoitece...
Nos paralelepípedos já gasto de tantos passantes, reflexos das luzes de mercúrio e o brilho dos faróis dos poucos carros, vindo de não sei onde e indo pra onde só eles sabem...
Num canto escuro, próximo a um prédio condenado, sacos de lixos amontoados, são disputados por cães, gatos e um mendigo barbudo, com várias roupas sobrepostas e um saco plástico transparente sobre tudo, completando sua esdrúxula figura, garimpando algum resto da comida de alguém.
A chuva não cessa, apenas os passos diminuem; um ou outro par de pernas passa apressado, oculto sob negros guarda-chuvas ou sombrinhas multicoloridas. Um rosto se ilumina pela brasa do cigarro num canto escuro do outro lado da rua, é uma moça muito maquilada e de roupas extravagantes, recostada em uma parede embolorada, de olhares insinuantes, traga a fumaça, soltando em seguida uma fina névoa por entre os lábios voluptuosos... Libidinosa criatura caricata no canto escuro, inexata. Surgem outras, espectros sensuais saem de cantos úmidos, esgueirando-se lânguidas...
Esta viela, aqui, esquecida, quase engolida por prédios colossais e pelo asfalto negro, perdida neste presente antropofágico, infestada de lojinhas e placas coloridas, com seus prédios sem vida, apáticos, vendo a cidade crescer, ainda conserva resquícios do tempo em todos se cumprimentavam nas ruas e andavam devagar, com damas e senhoras pudicas de passinhos curtos, desfilavam ao lado de austeros senhores...
Hoje mendigos famintos e prostitutas amargas se acotovelam em suas calçadas, ávidos do prazer capitalista.
Apenas o pingos das calhas é ouvido e da chuva na calçada, nenhum carro, nenhuma conversa, ninguém; sinto os dedos dos pés congelarem. O mendigo espalha o lixo e pragueja irritado, pantomímico, gesticula para alguém...
...quiçá converse com a rua.
Um automóvel se aproxima, encosta perto de uma das prostitutas, ela se curva na janela no carro, trocam algumas palavras, entra no veículo e partem...
A chuva dá uma trégua, sacudo a preguiça, saio de meu esconderijo e agora sou eu quem parte em direção ao meu destino.
O vento frio castiga, corta o rosto como navalha, dou um última olhada pra ruazinha e a deixo com seus estranhos habitantes...
Sinto-me compelido em dar adeus...
CRISTIANO MELLO
Esta palavra
Esta palavra que desliza
Libidinosa de tua boca.
Esta palavra que escapa
Desvairada e louca
Esta palavra que foge
Que verte de suas roupas.
Esta palavra que às vezes
É resto, suja e rota.
Esta palavra...
CRISTIANO MELLO
Valquíria
Ali está ela, recostada, taciturna,
Misturando-se ao cimento enegrecido;
Valquíria.
Apenas Valquíria, Valquíria de nada nem de ninguém.
Nem filha fora, muito menos irmã!
Valquíria sem religião, sem compaixão...
Apenas Valquíria, Valquíria de nada nem de ninguém.
Nem filha fora, muito menos irmã!
Valquíria sem religião, sem compaixão...
Valquíria mulher.
Ela e sua boca vermelha, com seus olhos cinza e roupas justas,
Ela e sua boca vermelha, com seus olhos cinza e roupas justas,
Pernas amostras, carne exposta, esviscerada na calçada
Valquíria dos desejos, voluptuosa, com seus longos cabelos loiros, pele alva Como a lua, serpenteia libidinosa, quase nua, lânguida criatura, estuprando a rua com seus saltos a quebrar o silêncio.
Valquíria noctívaga, amiga das sombras, da madrugada,
Valquíria dos desejos, voluptuosa, com seus longos cabelos loiros, pele alva Como a lua, serpenteia libidinosa, quase nua, lânguida criatura, estuprando a rua com seus saltos a quebrar o silêncio.
Valquíria noctívaga, amiga das sombras, da madrugada,
Com seu cigarro a iluminar a escuridão.
Valquíria sem opinião e sem razão.
Valquíria sem opinião e sem razão.
Mergulhada em um copo de bebida barata
A delirar utópicas fantasias etílicas.
Ébrias visões de Valquíria.
Valquíria da inconstância e da incerteza,
Ébrias visões de Valquíria.
Valquíria da inconstância e da incerteza,
Da meia fina da quase seda.
Do perfume inebriante.
Valquíria da lágrima contida, da alegria perdida sem vida.
Valquíria que quando a lua se guarda e a madrugada se finda,
Do perfume inebriante.
Valquíria da lágrima contida, da alegria perdida sem vida.
Valquíria que quando a lua se guarda e a madrugada se finda,
Vão-se embora as sombras com seus horrores
Sem maquilagem e com sonhos borrados,
Valquíria agora é Maria das Dores,
Nome de santa, para não tão santa sem valores.
Das Dores do cabelo desengrenhado, rosto insone.
Do pigarro irritante e do escarro tuberculoso na soleira...
Das Dores do barraco de porta única.
Das Dores do cabelo desengrenhado, rosto insone.
Do pigarro irritante e do escarro tuberculoso na soleira...
Das Dores do barraco de porta única.
Mal afamada pela vizinhança hipócrita.
Das Dores órfã, sem resposta...
Do cinzeiro entupido de xepa de cigarros e
Das Dores órfã, sem resposta...
Do cinzeiro entupido de xepa de cigarros e
Garrafas a(ini)migas espalhadas no barraco,
Das Dores sem alma, sem amores.
Das Dores que, quando a noite enegrece o dia, volta a ser
Das Dores sem alma, sem amores.
Das Dores que, quando a noite enegrece o dia, volta a ser
Valquíria...
...Valquíria não menos sem dores!
...Valquíria não menos sem dores!
CRISTIANO MELLO
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A penetradora de jet sets
Parte II: Sobre essa menina pesava uma acusação injusta (porque houve dolo, mas alguém tem que acordar um dia) de que roubara todo o aparato de som de uma festa onde comparecera a mais fina grã-finagem peneirada dos subúrbios. Entre esses candidatos a intelectuais e artistas essa garota de nome memorável mas esquecido, pois bem, essa menina enfiou-se nesse métier, passou por cima dos confetes e roubou o som da festa sem ninguém se dar conta, a não ser na hora em que a festa acabou e se pretendia guardar o som "me ajudem a guardar o som amigos" a anfitriã. Cadê o som? Não era Mata Hari, era essa menina que vive de mãos abanando enquanto todos se armam.
by Ignácio
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Meu pé esquerdo de laranja lima podre
E aconteceu que naquele dia Roberval levantou, literalmente, com o pé esquerdo. E como se não bastasse resolveu fazer tudo naquele dia com a mão esquerda. Foi para o banheiro e escovou os dentes. Depois redigiu uma carta, jogou ping pong, espremeu uma laranja lima podre num copo de cachaça, redigiu outra carta, masturbou-se, tirou sujeira do nariz, limpou o cu, deu a descarga, apagou a luz, atendeu o telefone, matou uma mosca, acendeu um cigarro, assinou um cheque, ligou a tv, limpou os óculos, mudou de canal, ligou o chuveiro, desligou, varreu a casa, mudou mais uma vez de canal, lavou a louça, secou, aspirou o pó, desligou a tv, tentou suicídio. Tudo com a mão esquerda. Com o pé fez embaixadinhas. Roberval é destro.
p.s: tão dizendo por aí que "varrer a casa" foi uma mentira do Roberval.
by Ignácio (com uma maozinha esquerda do Rober)
by Ignácio (com uma maozinha esquerda do Rober)
Nos EUA têm palmeiras onde canta o sabiá
Sobre Gonçalves Dias e sua obra
Ponto de vista 1: Sua obra é obsoleta
Ponto de vista 3: Sua obra é totalmente obsoleta.
Ponto de vista 1: Sua obra é obsoleta
Os "gonçalvianos" de plantão que me perdoem a "tachativa", mas a obra de Gonçalves Dias, em particular a "Canção do Exílio", é absolutamente anacrônica. Isso sem contar que nostalgia é uma merda.
Cependant, já vou aqui me desculpando, e também ao Gonçalves. A culpa não é totalmente dele. Com essa mazela do tráfico de animais e plantas, ou mesmo da introdução de espécies exóticas ainda que involuntária, as aves daqui gorjeiam hoje em todos os quadrantes do planeta e vice-versa. Palmeira então, tem gente no mundo inteiro que daria um rim pra ter uma no quintal (gente de bom gosto, claro). A procedência...o que significa mesmo essa palavra?
Ponto de vista 2: Sua obra é de vanguarda.
Todo mundo sabe (se não sabe fica sabendo) que o Twitter (o microblog que caiu como uma luva para os preguiçosos como eu) tem o nome baseado no som que os pássaros emitem, cuja onomatopéia no inglês é tweet. No Brasil a onomatopéia é piu (deixo para imaginação de quem está perdendo seu tempo lendo isso como seria a versão PtBr para o nome twitter). Portanto, sob esse ponto de vista, nesse universo virtual, as aves que aqui gorjeiam, de fato, lá não vão piar.
Eu já falei isso né. Mas fazer o que se meus silogismos são redundantes. E depois tem mais, dizer que nosso céu tem mais estrelas... cá entre nós, no máximo lá em Portugal não dava pra contar direito (ele não sabia que contar estrelas cria verrugas nos dedos), mas não que tenha menos (ok, eu sei que não é literal). Agora, falha grave mesmo, e até antagônica à visão de amor de qualquer poeta é querer quantificar o amor: "nossa vida mais amores". Ok, eu sei que o poema é emblemático. Mas é como eu disse: nostalgia é uma puta merda.
by Ignácio (powered by Google)
Por Clédison Ignácioda.
by Ignácio (powered by Google)
Por Clédison Ignácioda.
Os Cupins
Os cupins roem as parede por dentro
sem precisar do bater do vento
escretam o que roem
deixando para fora seu escremento
criam asas
mas logo caem como larvas
que esmagadas se vão como o tempo
Jaque, Os Cupins
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