Ali está ela, recostada, taciturna,
Misturando-se ao cimento enegrecido;
Valquíria.
Apenas Valquíria, Valquíria de nada nem de ninguém.
Nem filha fora, muito menos irmã!
Valquíria sem religião, sem compaixão...
Apenas Valquíria, Valquíria de nada nem de ninguém.
Nem filha fora, muito menos irmã!
Valquíria sem religião, sem compaixão...
Valquíria mulher.
Ela e sua boca vermelha, com seus olhos cinza e roupas justas,
Ela e sua boca vermelha, com seus olhos cinza e roupas justas,
Pernas amostras, carne exposta, esviscerada na calçada
Valquíria dos desejos, voluptuosa, com seus longos cabelos loiros, pele alva Como a lua, serpenteia libidinosa, quase nua, lânguida criatura, estuprando a rua com seus saltos a quebrar o silêncio.
Valquíria noctívaga, amiga das sombras, da madrugada,
Valquíria dos desejos, voluptuosa, com seus longos cabelos loiros, pele alva Como a lua, serpenteia libidinosa, quase nua, lânguida criatura, estuprando a rua com seus saltos a quebrar o silêncio.
Valquíria noctívaga, amiga das sombras, da madrugada,
Com seu cigarro a iluminar a escuridão.
Valquíria sem opinião e sem razão.
Valquíria sem opinião e sem razão.
Mergulhada em um copo de bebida barata
A delirar utópicas fantasias etílicas.
Ébrias visões de Valquíria.
Valquíria da inconstância e da incerteza,
Ébrias visões de Valquíria.
Valquíria da inconstância e da incerteza,
Da meia fina da quase seda.
Do perfume inebriante.
Valquíria da lágrima contida, da alegria perdida sem vida.
Valquíria que quando a lua se guarda e a madrugada se finda,
Do perfume inebriante.
Valquíria da lágrima contida, da alegria perdida sem vida.
Valquíria que quando a lua se guarda e a madrugada se finda,
Vão-se embora as sombras com seus horrores
Sem maquilagem e com sonhos borrados,
Valquíria agora é Maria das Dores,
Nome de santa, para não tão santa sem valores.
Das Dores do cabelo desengrenhado, rosto insone.
Do pigarro irritante e do escarro tuberculoso na soleira...
Das Dores do barraco de porta única.
Das Dores do cabelo desengrenhado, rosto insone.
Do pigarro irritante e do escarro tuberculoso na soleira...
Das Dores do barraco de porta única.
Mal afamada pela vizinhança hipócrita.
Das Dores órfã, sem resposta...
Do cinzeiro entupido de xepa de cigarros e
Das Dores órfã, sem resposta...
Do cinzeiro entupido de xepa de cigarros e
Garrafas a(ini)migas espalhadas no barraco,
Das Dores sem alma, sem amores.
Das Dores que, quando a noite enegrece o dia, volta a ser
Das Dores sem alma, sem amores.
Das Dores que, quando a noite enegrece o dia, volta a ser
Valquíria...
...Valquíria não menos sem dores!
...Valquíria não menos sem dores!
CRISTIANO MELLO
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